21.6.09

Diz mais

Nesses dias em que há tudo pra se escrever sobre e ainda sim não há nada, tá aí
uma música cheia de paradoxo e pretensão.

Palavras não falam

Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música
E nem pra preencher o branco dessa página linda
Eu me entendo escrevendo e vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco e ele me mostra o que eu não sei

E me faz ver o que não tem palavra
Por mais que eu tente, são só palavras
Por mais que eu me mate, são só palavras

Eu me entendo escrevendo e vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco e ele me mostra o que eu não sei

Ah! Palavras não falam, in Peixes Pássaros Pessoas, de Mariana Aydar, 2009

6.6.09

Saturno e Urano

Não. Eu não sou esotérico. Não consulto horóscopo antes de sair da casa. Nem pra abrir a boca. Sequer pra escrever besteiras aqui. Saturno e Urano são os planetas que regem, ou que sei-lá-o- que, o meu signo. Como eu disse, não sou muito afeito a essa previsibilidade oferecida pelos horóscopos ou à metafísica das ciências esotéricas. Mas enfim, quando li que Saturno e Urano estavam relacionados de alguma forma à minha personalidade, segundo a astrologia, me senti quase que lido, decifrado. Um é ligado ao clássico, outro à modernidade. Me dei conta de que é isso que eu faço o tempo todo, se é que isso importa a alguém senão a mim. Ultimamente ouço em paralelo Vanguart, o folk matogrossense, e Edith Piaf, a chanson parisiense. É só um exemplo mas de fato eu não consigo me filiar à modernidade, à vanguarda ou fincar o pé no passado. Tento sempre misturar, reprocessar, reler as ideias, os conceitos. Adaptar, enquadar ao dia. Me dei conta que o mundo inteiro faz isso hoje. O Lula fez, o Tom fazia. Não existe nada mais pra ser criado hoje. O que dá pra fazer é isso: juntar um pouco do que já fizeram, olhar pra o que está feito e expelir qualquer coisa com aspecto de nova. Dizem que isso é pós-modernidade. Pra mim é falta de criatividade. Já ouvi até que tudo que existe na cultura ocidental já tinha sido pensado na Bíblia ou na Ilíada. Radical? Não. Mas nem ser radical o século vinte e um aceita.