14.5.09

O vaso sanitário e a internet



Mais do que o tear hidráulico, mais do que descaroçador de algodão, mais do que a máquina à vapor. O mais importante fruto da Revolução Industrial foi o vaso sanitário com descarga! Isso mesmo. E não foi pelas óbvias razões higiênicas, se é o que você deve estar pensando, foi pelo impacto social desse invento. O vaso sanitário com descarga mudou pra sempre o modo de a humanidade se relacionar com o seus dejetos, com o seu lixo, enfim, com as merdas que produz.
A História conta que a histeria das pessoas com o novo invento era tanta, que o uso da descarga hidráulica foi sendo pervertido à medida que se popularizava. Onde deveriam ser depositados #1 e #2, o povo começou a jogar todo tipo de lixo que se podia imaginar. De sapatos à garrafas, o vaso foi ia deixando de ser vaso pra ser uma nova lixeira. É verdade que a possibilidade de não ter que encarar nenhum dejeto que produzimos é mesmo fascinante. Mas o modo como usavam o vaso sanitário se tornou insano. Em Londres, por exemplo, a poluição vinda das fábricas, que já não era pouca, somou-se ao lixo doméstico e os rios londrinos ficaram muito comprometidos. Foi então que o governo resolveu intervir; sanar e sanear, literalmente, o problema, educando a população sobre o uso adequado da nova tecnologia, recuperando o que havia sido degradado e investindo em infra-estrutura.
Nos anos 2000 há quem diga que a latrina da humanida é a web. Possivelmente eu também esteja contribuindo, jogando um pouco de podre e sujo nela, agora. Mas o fato é que a internet é uma terra de ninguém. Cada um fala o que quiser, sobre o que e sobre quem quiser. Despeja asneiras, leviandades, mentiras, intimidades desnecessárias, podridão. Tudo isso com a possibilidade do anonimato. De novo: é fascinante! Liberdade levada às últimas consequencias. Os mais pessimistas profetizam o fim do saber e um império da ignorância. Longe de mim propor qualquer coisa que beire a censura. Mas parafaseando G. Brown: livres, mas não livres de valores éticos.

2 comentários:

c. disse...

MUUUUITO BOM! Bem vindo ao mundo dos blogueiros, Kraminho! =)

Bruna Palmeiro disse...

Quero fazer um filme com esse texto de entrada.